A gente está sempre em uma constante de amor
Nessas últimas semanas, fiquei pensando muito sobre amor. Não aquele amor romantizado, que a gente aprende desde criança, o par perfeito que vai surgir e vai ser amor à primeira vista, avassalador, aquele sentimento tão forte que você sente que o coração vai explodir e sair pela boca. Bem, a única sensação que tive foi essa última e apenas por causa de várias crises de ansiedade, vale salientar.
Fiquei pensando que, pra mim, existem vários tipos de amor. E não crescer aprendendo sobre isso torna as relações muito mais difíceis pra todos nós. Não me leve a mal, não quero ser aquelas pessoas chatas e amargas (um pouquinho, talvez…) que dizem que o amor não existe e é tudo uma ilusão social. Acredito no amor. Acredito, inclusive, em alma gêmea. Mas não acredito numa só forma de amar.
Acho que, da mesma forma que a gente tem diversos tipos de gostar (gostar de um amigo, gostar de um parente, gostar de um bichinho), a gente também diversos tipos de amar. Alguns tipos mais juvenis, outros que vão amadurecendo junto com a gente, outros que acontecem só na nossa imaginação. Não deixa de ser amor, pelo menos pra mim.
Só tenho 24 anos de idade e já perdi as contas de quantas vezes amei. Acho que o ascendente em câncer contribuiu com isso também. Me peguei diversas vezes pensando se já tinha amado de verdade e sempre dizia que sim, uma vez, com 15 anos. Mas depois percebi que não: eu já tinha experimentado outras formas de amor antes e muito mais depois, mesmo sem saber que aquilo era amor. Na minha cabeça, até pouco tempo atrás, amor era aquele sentimento que durava anos e anos entre duas mesmas pessoas e que seria tão sólido que nada poderia destruí-lo. Mas percebi que amor é muito mais que isso.
Amor pode durar horas. Dias. Semanas. Meses. E, sim, anos. Acho que o amor não está na uniformidade, não está apenas em uma relação. O amor é conexão. Pode não ter beijo, paixão, tesão, coração explodindo… ou pode ter tudo isso ao mesmo tempo.
A gente pode amar alguém que conhecemos numa festa e nunca mais o/a vimos, porque ele ou ela moram em outro estado. A gente pode amar alguém que escolhemos casar e construir uma família também, da maneira mais tradicional possível. A gente pode amar alguém que já tem alguém. A gente pode amar alguém pra sair do tédio. A gente pode amar alguém agora, esquecer e depois voltar a amar de novo. São tantas as possibilidades.
A gente está sempre em uma constante de amor.
Eu amo muito, há muito tempo. Demorei muito pra entender isso. Sempre neguei o amor, já que o tradicional amor romântico sempre foi muito sofrido pra mim na maioria das minhas experiências. Mas descobrir que posso amar além disso foi uma libertação. Descobrir que posso amar várias pessoas ao mesmo tempo sem culpa, sem sentir que preciso me prender a alguma dela por causa disso.
Amor não é uma prisão, muito menos uma obrigação. É celebração. É vivência. Se deixar levar pela vida a amar mais talvez seja a grande solução.