Em vez de “vida”, acho que vivo idas e vindas.
Depois de 3 anos, voltei a escrever por aqui. Do nada, de supetão, me lembrei que costumava deixar alguns rascunhos mentais e desabafos sem muito planejamento e pretensão. Na verdade, acho que hoje marca mais uma vinda nos meus escritos, depois de tantas idas.
Quando penso em vida, sempre me remeto a algo linear. Cronológico. Linha do tempo. E não tenho nenhuma lembrança de ter seguido algo assim, determinado. De início, meio e fim — sem mencionar colégio e faculdade, puramente decisões de pais, família e sociedade. Se não fosse isso, talvez eu nem tivesse concluído nenhum dos dois.
Acho que não tenho vida, tendo idas e vindas. Sempre desisto no meio do caminho em tudo. E aí depois de um tempo, decido voltar com a mesma vontade que desisti. Doideira, né? Também acho. Ás vezes, é difícil compreender, mas aceitar que isso faz parte de mim já foi um dos primeiros dos mais árduos passos rumo à aceitação.
Desistir de algo é difícil pra caralho. E nem só do que a gente gosta, mas do que a gente se propõe a fazer e o que os outros impõem pra gente fazer (trabalho, estudo, academia, relacionamento, lazer — vai dizer que vc naturalmente ama fazer e equilibrar tudo isso numa rotina fudida de cansada e consumida pelo capitalismo diário?)
Eu já desisti de tanta coisa. E toda desistência era um fardo. Mas continuar muitas vezes se tornava um fardo pior. Porque conciliar talvez seja os maiores dos desafios que a gente vive todo dia. E ainda tem a parte de mostrar pro mundo toda alegria, gratidão, etc… por tudo que vc tem. Melhor desistir e seguir o fluxo.
Mas, mais difícil do que desistir, é retornar. Continuar de onde parou sem se deixar afetar pela sensação do tempo perdido. E é esse sentimento que vem pairando no meu peito há um tempo. Principalmente, em relação a escrever. Tanto tempo que não escrevo à toa, o que sinto, e a sensação é como se eu tivesse faltado terapia durante 5 anos seguidos. As costas pesada, o peito inchado, a cabeça cheia. E o bloqueio eterno do que colocar pra fora em meio a isso.
Mas pra que voltar? Será que vale a pena? Me questionei isso da mesma forma que pensei na academia que comecei, peguei ritmo e desisti, mas preciso voltar. É a terceira que me matriculo e todas elas, o mesmo ciclo: inicio, gosto, perco interesso, desisto… 3 meses depois, retomo. E a retomada é sempre mais difícil.
E aí lembrei hoje que eu não tenho vida. Eu tenho muitas idas e muitas vindas. Talvez seja por isso que desistir é tão difícil e retomar, mais ainda. Mas que bom que retomar é sempre uma opção.
Voltar pra si sempre vai ser aquela eterna espera na parada, onde a gente espera o ônibus certo por muito tempo e ele nunca passa. E depois de tanta espera, a gente percebe que o melhor é pegar o que para mais próximo de onde a gente quer ir. E mesmo com tanta demora, é bom lembrar que a gente pode voltar sempre que desejar.